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Interview

HS: Entrevista com Páscoa, primeiro brasileiro a ir ao Campeonato Mundial!

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"Páscoa" foi o primeiro brasileiro a triunfar na Hearthstone Grandmasters, o jogador também representará o país no campeonato mundial! Venha conferir essa entrevista para saber mais sobre ele!

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Nós da Cards Realm temos o orgulho de anunciar que entrevistamos o “Páscoa”, o mais novo campeão da Hearthstone Grandmasters Américas, além de ser o primeiro brasileiro a chegar até o campeonato mundial. Confira esta entrevista para conhecer mais sobre a carreira e a história do jogador.

A entrevista original foi realizada via chama de vídeo, sendo levemente editada com o único intuito de facilitar a leitura.

Entrevista com o Páscoa

Qual a história do “Páscoa”?

Sempre fui muito competitivo, me lembro de disputar as notas de provas da escola com meus colegas de classe, isso quando tinha 10 anos de idade. E isso me gerava uma boa performance no colégio, mas não necessariamente refletindo diretamente com o jogo. Eu conto um letal bem rápido, porém até lá sabemos que é preciso tomar várias decisões.

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“Sempre fui muito competitivo, me lembro de disputar as notas de provas da escola com meus colegas de classe, isso quando tinha 10 anos de idade.”

- Páscoa

Também gosto de jogos de lógica desde novo; como meu pai é professor de Xadrez, sempre tive contato com esse estilo de game, um exemplo é o Pokémon TCG, comecei aos 8 anos de idade e joguei um torneio nacional do jogo em São Paulo quando tinha por volta de 12 anos. Sempre fui muito ligado com este mundo, já que antes de tudo isso, com 6 anos, recebi meu primeiro videogame, um Nintendo 64.

Além disso, tenho muitas experiências com jogos on-line, passei horas em títulos como Ragnarök e Grand Chase, também joguei um pouco de League of Legends.

Como você começou a jogar Hearthstone e o que fez você gostar do jogo?

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Tenho esse gosto por card games há muito tempo, jogava muito Pokémon TCG e Yu-Gi-Oh, além de conhecer vários jogadores de Magic: The Gathering. Eu também amo baralhos no geral, tenho muitos comigo, inclusive um vindo da Alemanha que recebi de um amigo, além disso já fiz algumas mágicas com baralhos durante um período.

Então, lá em meados de 2014, eu estava no 3º ano do Ensino Médio e um amigo me recomendou o Hearthstone. Uma coisa que me atraiu muito no jogo foi a simplicidade, pois Magic: the Gathering, por exemplo, é muito complexo, principalmente com as lands e uns textos imensos de cartas, o Hearthstone simplifica muito bem isso.

No início eu não tinha tanto dinheiro para comprar cartas dentro do game, por isso ficava muito no modo Arena.

Como você começou com os torneios?

Em 2015 comecei a jogar meus primeiros torneios, alguns on-line como a qualificatória para a Copa América, e outros presenciais com alguns colegas da faculdade.

Depois, em Fevereiro ou Março de 2016, tive meu primeiro resultado em um torneio da Panda Gaming que me rendeu 200 reais. Lembro de ter vencido o Legolas na semifinal, um player muito famoso desde a época, e além da experiência e do dinheiro, conquistei muita confiança com o triunfo. Nesses meses eu estava passando por sérios problemas pessoais e outras coisas bem pesadas, foi aí que eu comecei a jogar mais Hearthstone, além de ter iniciado na terapia. Eu estava fazendo lives do game e jogando bastante; em questão de meses obtive vários resultados, e eu senti que o Hearthstone me ajudou muito na vida real e vice-versa.

A terapia hoje para mim é um investimento, pois ela com certeza irá me trazer (e já trouxe) vitórias e resultados no longo prazo dentro do game. Por exemplo, se eu conquistar uma vitória a mais na Grandmasters por conta do meu psicológico, eu já consigo pagar vários meses de terapia, e se eu vencer mais, já estou no lucro. Além de gerar vários benefícios para a minha vida pessoal, inclusive recomendo para todos os que me perguntam.

“A terapia hoje para mim é um investimento, pois ela com certeza irá me trazer (e já trouxe) vitórias e resultados no longo prazo dentro do game. Por exemplo, se eu conquistar uma vitória a mais na Grandmasters por conta do meu psicológico, eu já consigo pagar vários meses de terapia, e se eu vencer mais, já estou no lucro.”

- Páscoa

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Com todas essas experiências, principalmente com minha psicóloga, aprendi a lidar com RNG e outros fatores aleatórios onde não tenho controle. Claro que a sorte ou azar pode afetar uma partida, mas saber que a longo prazo não fará muita diferença me deixa mais tranquilo. O RNG tem altos e baixos, talvez em um torneio em específico possa fazer diferença, mas a tendência é que com o tempo ele se mantenha no 50 a 50 (50%).

Qual a sensação de vencer um título do tamanho da Grandmasters e ainda ser o primeiro brasileiro a representar o país no mundial?

É bizarro! É uma conquista onde eu luto por 6 anos, e, ao mesmo tempo que é surreal, também é algo que eu estava sentindo que ocorreria eventualmente. Eu me perguntava “quando” iria acontecer, e não “se” iria.

“Eu me perguntava “quando” iria acontecer, e não “se” iria.”

- Páscoa

Eu já tinha tudo planejado, não imaginei que ganharia essa Grandmasters, mas já pensei em fazer um 7/1 (7 vitórias e 1 derrota) na próxima Masters Tour e tentar me classificar para o Campeonato Sazonal Master, e aí eu teria uma grande chance para ir para o mundial. Caso não desse certo, a Grandmasters: Last Call começaria logo depois. Pode parecer confiança demais, mas é questão de se dedicar e saber que à longo prazo um objetivo irá ser atingido.

“Durante a Semifinal e Final, estava pensando em ganhar pelos meus amigos e pela comunidade brasileira que sempre me apoiou, esquecendo totalmente deste objetivo de “ser o primeiro”.”

- Páscoa

E sobre ser o primeiro brasileiro, eu sempre quis isso antes de me classificar, mas lógico que ajudava outros brasileiros a tentarem essa conquista, principalmente o Fled que chegou perto, somos amigos. Só que depois de acontecer, eu percebi que é legal sim, mas não muito incrível como eu imaginava, pois ficaria feliz com qualquer outro brasileiro no meu lugar.

Com o seu título, e com a emocionante final brasileira na semana 2 do torneio, você sente que o Brasil está evoluindo no Hearthstone e em Card Games no geral?

Se você me perguntasse isso alguns anos atrás eu já falaria que sim, já falaria isso mesmo antes do primeiro top 8 brasileiro na Masters Tour. Hoje a gente já pode contar com inúmeros brasileiros que atingiram top 8 ou até mesmo top 4 no torneio.

Isso vem de vários fatores. O primeiro são os torneios on-line que estão ajudando muito os jogadores do nosso país. Também posso citar a forma de premiação, hoje ela é muito boa para nós que gastamos em reais, um bom resultado consegue te sustentar por meses, e isso lhe possibilita viver do jogo, podendo se dedicar tranquilamente até atingir uma grande conquista, um “Big Hit”, como dizem no Poker.

Outro fator foi o crescimento de redes como a Twitch, até o lançamento da plataforma viver de jogo não existia e era apenas uma utopia, mas com o início das lives e streams todos viram que se é possível tornar esse sonho em realidade. Com isso, o pessoal do Brasil está se ajudando sempre e se dedicando muito, além de que um usa a conquista do outro como forma de inspiração e motivação.

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Sabemos que a Grandmasters é dividida em semanas de diversos formatos, onde você leva decks diferentes para cada semana. Neste meio tempo novos baralhos são descobertos ou uma nova atualização chega ao jogo, como você se adapta à essas novidades? Você também citou anteriormente o fato de estar fazendo terapia, isso te ajuda nesta adaptação?

Nossa, ajuda muito! Antes do início da Grandmasters, olhei muito as tendências da última Masters Tour que estavam rolando no mesmo formato, e separei uma boa line-up para a primeira semana. Mesmo assim acabei ficando 0-2 e fui eliminado precocemente, então conversei com a minha terapeuta e ela me recomendou a lembrar de alguns hábitos que eu fazia antes de qualquer torneio ou partida.

Com o passar do tempo acabei retirando um hábito de comer chocolate antes das partidas, com a intenção de me manter mais saudável. Mas lembrei o quanto isso me ajudava, muitos estudos afirmam que açúcar no geral faz muito bem ao cérebro, e como o torneio era minha prioridade, resolvi voltar. Além disso, também relembrei de um “ritual psicológico” que eu tinha baseado no livro The Mental Game of Poker. Às vezes eu fazia uns guias sobre certos baralhos que eu não sabia jogar tão bem com, com o intuito de ler antes das partidas e não esquecer dos detalhes.

Saindo um pouco da terapia, e voltando para a primeira pergunta. Eu estudo Computação na Federal do Paraná, e com esse conhecimento montei um Software (programa) que me ajuda a definir os decks para o torneio. Basicamente eu pego os dados de cada confronto que alguns sites disponibilizam e faço uma previsão de quais baralhos serão utilizados no campeonato, então eu jogo tudo isso no programa e ele me entrega milhares de line-ups, organizando-as em ordem de taxa de vitória contra os decks da minha previsão. Depois eu olho as 50 ou 100 primeiras line-ups até encontrar uma em que eu me identifique e saiba jogar, aí eu dou uma ajeitada nas listas e treino bastante com eles.

“[...]Montei um Software (programa) que me ajuda a definir os decks para o torneio. Basicamente eu pego os dados de cada confronto que alguns sites disponibilizam e faço uma previsão de quais baralhos serão utilizados no campeonato[...]”

- Páscoa

O Software talvez não brilhe tanto no formato Conquista, por ser um formato onde todos já têm uma grande noção. Mas modos como Last Hero Standing ou o novo Trio não são tão explorados pela comunidade, neste caso eu tenho uma vantagem bem maior.

Quando saem atualizações no game, eu procuro saber o tamanho da mudança. Caso seja um grande balanceamento ou até mesmo uma nova expansão, prefiro focar na minha saúde mental, pois não teria como prever facilmente o novo meta. Em caso de uma mudança bem pequena, eu assumo que nada se alteraria.

O competitivo de Hearthstone sofrerá uma grande reformulação, desde as Masters Tour até o campeonato mundial. Você tem acompanhado estas mudanças? Qual sua opinião?

Em um primeiro momento achei péssima, já que financeiramente falando estaria perdendo bastante. Mas depois pensei que seria bom no geral para o competitivo, o fato desse novo sistema ser mais aberto atrai novas pessoas que querem competir e aumentam as chances de uma classificação para o mundial.

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Por exemplo, no ano passado, o FuryHunter estava com resultados incríveis, mas mesmo assim não pôde jogar o mundial, apenas por não estar na Grandmasters. Tenho certeza que ele estava vivendo seu melhor momento e provavelmente foi o melhor jogador do último semestre do ano, seria um dos favoritos ao título. Imagino que caso as competições continuem de maneira on-line, o Brasil terá ainda mais espaço no cenário.

Junto à essas mudanças, um novo torneio mensal de Campos de Batalha foi anunciado, o Lobby Legends, inclusive a primeira edição já se encerrou. Você pretende se dedicar no modo almejando esse torneio? Ou está focado apenas no formato Padrão?

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Em 2019, joguei muito o Auto Chess que estava bem popular, me destaquei bastante e até consegui um top 16 numa competição de mil jogadores. O meu problema com os Campos de Batalha é que o modo é muito bom! Tão bom que eu literalmente não conseguia parar de jogar, sendo que precisava treinar e focar no Padrão, então me forcei a parar com o modo.

“O meu problema com os Campos de Batalha é que o modo é muito bom! Tão bom que eu literalmente não conseguia parar de jogar!”

- Páscoa

Hoje em dia eu estou vivendo de Hearthstone, então irei seguir onde estão as maiores premiações. Caso o Campos de Batalha se torne o modo principal e mais lucrativo do competitivo, eu tentaria me destacar. Mas pretendo continuar somente com o Padrão enquanto estiver sendo o foco das competições, até porque imagino ser bem impossível manter esses dois jogos em alto nível.

Você joga outros modos do Hearthstone além do tradicional?

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Não. Tentei jogar o modo Mercenários, porém depois de uns 2 dias enjoei.

O que você pode falar para os jogadores que também buscam se profissionalizar em Hearthstone? Quais dicas daria?

O mais importante, com certeza, é focar no longo prazo, e sempre procurar melhorar. Também é preciso saber que, quando você aprende um baralho, você não aprende apenas a jogar com ele, você está adquirindo habilidade. Por exemplo, se alguém aprendeu a jogar com o Ladino Garrote, esse alguém já terá facilidade e habilidade com outros decks combos semelhantes. Assim você transfere a habilidade de um baralho para outro, e consegue lembrar de vários conhecimentos de anos atrás, aumentando seus resultados.

“Também é preciso saber que, quando você aprende um baralho, você não aprende apenas a jogar com ele, você está adquirindo habilidade.”

- Páscoa

Caso seus resultados não estejam aumentando, tem algo errado. Procure ver seus próprios replays, ou assistir profissionais jogarem com aquele baralho que você usa. Outra coisa legal é participar de comunidades com outros jogadores que também procuram se profissionalizar, onde todos se ajudam.

Finalizando

Queremos agradecer ao Páscoa por aceitar a entrevista, e a todos os intermediadores que tornaram isso possível.

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Para conhecer ainda mais o “Páscoa”, siga ele em seu Twitterlink outside website!