Apresentação
Olá, pessoal! Hoje estou voltando um pouco no passado: alguns anos atrás, eu fui por um bom tempo o responsável pela análise do Metagame de Hearthstone em uma série de artigos chamados "De Olho no Meta". Embora Legacy seja meu principal modo de jogo em Magic, Hearthstone é provavelmente o jogo que eu mais uso o meu tempo. Quando a Cards Realm me fez o convite para escrever sobre os dois modos, aceitei na hora!
Existem basicamente duas maneiras de se analisar um Metagame: análise subjetiva e objetiva. Na subjetiva, você recruta um grupo de especialistas para darem sua opinião sobre quais os decks mais fortes e mais fracos de um metagame e os ranqueia com base nessas análises. Já na objetiva, você levanta os dados brutos com a ajuda de aplicativos de trackers e categoriza os decks de acordo com sua frequência e seus percentuais de vitórias. Ambas possuem suas vantagens e desvantagens, e uma combinação de ambas ajuda a entender melhor o formato e como responder a ele.
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Para minha análise, eu costumo me basear nos dados do Data Reaper do Vicious Syndicate, quem considero a referência em análise objetiva, com milhares de jogos analisados por semana e um sistema de métrica que apresentarei em mais detalhes e seus usos em outros jogos em um artigo futuro.
O artigo desse mês é baseado na primeira análise feita após o patch 24.2.2, que atingiu alguns cards muito importantes do formato Padrão como Wildheart Guff, Edwin, Defias Kingpin, Nightcloak Sanctum, Magister Dawngrasp, Defend the Dwarven District, Kael’thas Sinstrider e Smothering Starfish. O nerf abriu o formato e nesse momento as nove classes do jogo possuem opções viáveis de jogo (O quê? 10 classes? Ah, esqueci do Paladino. A Blizzard também esqueceu).
O Vicious Syndicate oferece uma análise estratificada por rankings de jogo (Lendário, Diamante, Platinum e Ouro/Prata/Bronze). Para abranger um público mais amplo, vou me ater aos níveis Diamante do levantamento. Os dados indicam 3 métricas:
- Frequência (o quanto o deck é popular no Meta);
- Poder (o quanto o deck é efetivo no Meta);
- Força no Meta.
Uma análise combinatória de Frequência e Poder, para entender o quanto um deck influência o formato, mesmo sem ser o mais popular ou o mais eficiente — um deck que seja ao mesmo tempo o mais comum e o mais forte teria a nota perfeita de 100 nessa métrica).
Frequência
Aqui analisamos quais os decks mais populares. Saber quais decks você tem mais chance de encontrar o ajuda a escolher decks que não tenham retrospectos negativos contra eles. Também ajuda a identificar decks que serão menos focados pelos adversários.
Abaixo a divisão entre os decks mais populares do formato:
Classe - Arquétipo - Frequência
Tier 1
Caçador de Demônios Relic - 13,66%
Druida Ramp - 10,41%
Druida Aggro - 10,38%
Tier 2
Bruxo Imp - 9,66%
Caçador Big Beast - 6,96%
Sacerdote Quest - 6,42%
Xamã Control - 6,38%
Mago Skeleton - 6,09%
Tier 3
Mago Big Spell - 3,40%
Ladino Thief - 2,81%
Sacerdote Naga - 2,30%
Caçador de Demônios Aggro - 2,03%
Caçador Quest - 2,01%
Tier 4
Ladino Edwin - 1,97%
Bruxo Curse - 1,90%
Guerreiro Enrage - 1,72%
Caçador Face - 1,65%
Outros - 10,25%
Como eu disse lá em cima, temos um Meta bastante diverso, nenhum arquétipo acima do corte de alerta de 15% e todas (menos o pobre Paladino) as classes com representantes acima de 1,5%.
Se o objetivo do último patch era abrir as opções (basicamente somente 6 classes estavam vendo algum jogo antes disso), podemos afirmar que o resultado foi um sucesso. Mas e quanto ao nível de vitórias dos decks, onde ficamos?
Poder
Aqui nós vemos o outro espectro da análise, quais decks estão ganhando mais. É bom entender como essa métrica acaba sendo afetada pela anterior: decks com maior índices de vitória, tendem a se tornar mais populares e vice-versa (ênfase em tendem — alguns decks acabam se mantendo populares mesmo sem ser os mais vitoriosos porque a base de jogadores simplesmente gosta de jogar com eles), assim conforme eles se tornam mais frequentes, passam a ser mais mirados e isso geralmente afeta seu índice de Poder.
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Alguns decks acabam sendo tão fortes, que mesmo com o Meta todo focado neles, ainda ficam no topo dessa métrica — é geralmente essa a hora que o nerf vem. Então vamos ver a situação do Meta atual:
Classe - Arquétipo - Poder
Tier 1
Caçador Big Beast - 56,39%
Sacerdote Naga - 54,14%
Caçador Face - 53,36%
Druida Aggro - 53,12%
Bruxo Imp - 53,07%
Tier 2
Xamã Control - 51,74%
Mago Big Spell - 50,66%
Tier 3
Caçador de Demônios Relic - 49,85%
Caçador de Demônios Aggro - 49,21%
Mago Skeleton - 48,22%
Caçador Quest - 48,18%
Guerreiro Enrage - 48,09%
Sacerdote Quest - 48,03%
Ladino Thief - 47,74%
Ladino Edwin - 47,53%
Druida Ramp - 47,43%
Tier 4
Bruxo Curse - 42,91%
Devido à baixa prevalência de decks de Paladino nos Ranks mais altos, a classe não foi levantada na métrica de Poder. Caçador Big Beast e Sacerdote Naga despontam como os dois decks mais efetivos do formato, dois decks que se deram bem com o nerf na Smothering Starfish, mas o índice geral de vitórias dos demais decks não está muito disparatado entre o resto do formato.
Não se engane com valores inferiores a 50% de Winrate, pois até um índice de 47%, o nível de habilidade e conhecimento de um jogador com o deck podem compensar o rendimento médio, portanto são decks viáveis para o formato, ainda que requeiram um pouco mais de dedicação.
Ou seja, com exceção do medonho Bruxo Curse, nesse momento há bastante espaço para uma grande diversidade de deck serem viáveis como opções válidas para galgar os degraus da ladder competitiva do formato Padrão.
Força no Meta
Como saber qual o deck mais importante em um formato quando um não lidera ambas as métricas, o mais popular ou o mais vitorioso?
O Vicious Syndicate criou uma metodologia para converter as porcentagens de Frequência e Poder em valores de 0 a 100, onde 100 seria o deck mais popular/vitorioso dentre de cada uma dessas análises e a média entre entres valores, indica a força dos decks.
Um meta balanceado verá vários decks no meio do caminho da nota 100 perfeita, enquanto um meta distorcido por um arquétipo desbalanceado terá um deck com valor bem próximo (ou até mesmo 100) e vários decks bem atrás do dominante. Quando um deck chega nesse ponto e o meta não consegue se corrigir sozinho, é necessário intervenção externa.
A tabela dessa análise ficou assim então:
Classe - Arquétipo - Força no Meta
Tier 1
Caçador Big Beast - 75,5
Druida Aggro - 75,2
Caçador de Demônios Relic - 74,4
Bruxo Imp - 72,4
Tier 2
Xamã Control - 55,2
Druida Ramp - 53,1
Sacerdote Naga - 49,6
Caçador Face - 44,2
Sacerdote Quest - 40,8
Mago Skeleton - 40,4
Mago Big Spell - 40,0
Tier 3
Caçador de Demônios Aggro - 29,4
Ladino Thief - 26,4
Caçador Quest - 25,2
Guerreiro Enrage - 23,8
Ladino Edwin - 22,8
Tier 4
Bruxo Curse - 4,2
Como podemos ver, não temos nenhum deck disparado rumo à Força 100, mas sim um agrupamento grande de decks na casa dos 70, seguidos por um grande bloco na faixa de 55 a 40.
Quando temos uma dispersão grande de arquétipos nessas faixas intermediárias, temos um sintoma de que nenhum deck encontra-se em posição de oprimir os demais embora o elevado valor de Poder do Caçador Big Beast possa atrair mais jogadores para o deck nas próximas semanas e a tendência é subir nesse índice nas próximas análises, o que demandará uma necessidade de adaptação dos demais decks.
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Decklists
Abaixo, seguem as listas padrões dos decks analisados no artigo:
Bruxo Imp
Bruxo Curse
Caçador de Demônios Relic
Caçador de Demônios Aggro
Caçador Big Beast
Caçador Quest
Caçador Face
Druida Ramp
Druida Aggro
Guerreiro Enrage
Ladino Thief
Ladino Edwin
Mago Skeleton
Mago Big Spell
Sacerdote Quest
Sacerdote Naga
Xamã Control
É isso por enquanto, futuramente trarei análises atualizadas do Meta padrão de Hearthstone. Um abraço e até a próxima!!
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