Magic: the Gathering

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Top 10 Banimentos mais Inusitados da história do Magic

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Banido, mas não muito. Banido antes da hora. Esquecido de ser banido. Banido por motivos alheios ao jogo. Em mais de 30 anos, muitas cartas foram banidas ou restritas pelos mais diversos motivos, alguns dos quais bem inusitados. Vamos ver uma lista de 10 banimentos esquisitos da história do Magic!

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Apresentação

Olá meus nobres amigos da Cards Realm! Hoje nós vamos falar um pouco sobre a história do Magic trazendo algumas curiosidades sobre alguns dos banimentos (ou restrições) mais esquisitos, bizarros, ilógicos ou inusitados que tivemos ao longo dos mais de 30 anos de Magic. Para fins de sequência, eu vou listá-los em ordem cronológica, o nível de esquisitice fica a critério de você, leitor!

Menção Honrosa

Mas antes de entrar na lista de banimentos, vale a pena mencionar um não-banimento ou, talvez um termo mais adequado, uma não rotação. Antes do estabelecimento do Modern, o principal formato que englobava um grupo de cartas maior do que o Standard mas sem pegar todo o pool de cartas do jogo, era o finado Extended. Dentro da sua proposta inicial, a cada 2 ou 3 anos, alguns dos seus sets mais antigos rotacionavam para fora do formato, da mesma maneira que sets saem do Standard. Aí em Outubro de 1999 estava programado a saída das expansões The Dark, Fallen Empires, Revised e 4a Edição. Só que o pessoal da Wizards considerava que as Dual Lands eram muito identificadas com o formato e para não desvirtuar a cara do Extended, os 10 Terrenos foram mantidos no rol de cards legais por mais 3 anos.

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Top 10 Banimentos mais Inusitados da história do Magic

Janeiro de 1994

Nessa época primordial do Magic, ainda não existiam formatos. O que hoje conhecemos como Vintage e Standard, só foram introduzidos no jogo em 1995, com os nomes de Tipo 1 e Tipo 2. Porém, conforme os designers observavam o desenvolvimento do jogo e o surgimento de um cenário de campeonatos, tornou-se necessária a criação de regras e maneiras de balancear o jogo. Com isso foi introduzida a primeira lista de cartas restritas e banidas. Na lista de banidas, tínhamos as cartas de aposta (Ante), impróprias para situações competitivas, e Shahrazad, um pesadelo logístico para o panorama incipiente de torneios da época.

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Mas a verdadeira bizarrice vem das opções de algumas cartas que foram restritas. Enquanto algumas escolhas eram óbvias e permanecem até hoje nas restritas do Vintage (Black Lotus, Ancestral Recall, Time Walk, Timetwister, Sol Ring, Moxes), algumas cartas não faziam sentido algum, tanto que 5 delas foram liberadas logo nos meses seguintes (2 em Fevereiro, 1 em Março e 2 em Maio) e a sexta, Ali from Cairo, em Abril de 1996. Dá para se atribuir a inclusão delas ao fato da equipe ainda não ter um entendimento sobre Metagame e listas de banidas/restritas serem uma novidade. Abaixo as pérolas inclusas na primeira lista de restritas do Magic:

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Agosto de 1994

Nessa rodada de banimentos e restrições, uma das mais bizarras da nossa lista, foram restritas (e não banidas! Isso só ocorreu em Novembro de 1995) as duas cartas de habilidade manual de Magic que não pertencem a sets Un-: Chaos Orb e Falling Star.

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Mas as coisas estranhas não param por aqui. No meio de outras restrições por nível de poder de Mind Twist, Mirror Universe (com as regras da época, era possível gastar todos os seus pontos de vida antes de fazer a troca, pois o jogo só checava ao final de cada fase se você estava vivo ou não, portanto era uma carta forte), Recall e Underworld Dreams (uma carta fraca hoje em dia, mas restringia muitos decks à época, só saiu da lista anos depois em Setembro de 1999), tínhamos na lista a poderosa (não) e absurda (definitivamente não) Sword of the Ages. Simplesmente não havia explicações para essa carta sequer ser cogitada na lista e muito menos para ela ter permanecido mais de uma ano restrita!

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E não para por aqui. Tivemos mais um banimento por motivos semelhantes ao de Shahrazad, o completamente obscuro Encantamento Divine Intervention, sob o risco de atrapalhar o fluxo dos torneios. Porque com certeza teria algum engraçadinho pagando 8 manas para empatar o jogo. Ao menos, era esse o medo da Wizards.

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Para encerrar o ciclo de decisões duvidosas, houve, por motivos de flavor, a restrição de todas as cartas Lendárias, lançadas em Legends! Mesmo cartas incrivelmente ruins foram restritas por esse motivo!

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Julho/Outubro de 1997

Em Julho de 1997 foi instituído o formato Extended, abrangendo todos os sets de Revised para frente, com uma lista inicial de cartas banidas, incluindo aí coisas como Strip Mine, Demonic Tutor, Channel e Sol Ring, além de algumas cartas acima da média para a época. Mas no meio de cartas como Mind Twist e Wheel of Fortune, um trio de criaturas foi considerado muito fortes e foram vetadas, apesar de a comunidade não concordar com essa decisão.

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Em Outubro, a Wizards percebeu havia cometido um erro: Juggernaut foi desbanido. Mas para manter o nível de erro equilibrado, Hypnotic Specter tomou o seu lugar. Os 3 permaneceram banidos até a sua rotação em 1999.

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Março de 1999

O lançamento do bloco de Saga de Urza em Outubro de 1998 marcou um início de uma série de cartas quebradas e uma sequência de banimentos conforme mais e mais decks de Combo dominavam vários formatos, no que foi chamado de Inverno do Combo (Combo Winter, uma referência ao Necro Summer, um período dominado por Necropotence). Mas a cerejinha no bolo desse ciclo todo, foi o primeiro (e até o momento, o único) banimento emergencial na história do Magic: Memory Jar

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Na esteira de uma série de banimentos para tentar encerrar ou menos amenizar o Inverno do Combo, o lançamento de Memory Jar em Legado de Urza, nas palavras do designer e pro-player Randy Buehler, ameaçava por tudo abaixo:- “o único motivo pelo qual a DCI optou por não aguardar a próxima janela de banimento porque a própria existência do Magic estava ameaçada pelo Inverno do Combo. (…) Os jogadores estavam otimistas que o Inverno iria finalmente acabar. E aí Legado de Urza veio e introduziu um novo combo quebrado no ambiente. Havia muito em jogo e a DCI não queria ver Memory Jar desfazer todo o trabalho que eles estavam tentando realizar naquele mês de Março, portanto eles lançaram o banimento emergencial”.

Dezembro de 2003

Esse é um banimento que eu me lembro muito bem, pois era uma época em que jogava bastante Extended. Foi o que eu chamei então de bala perdida. O Meta da época era dominado por decks de Combo (que surpresa!), com destaque para o deck de Tinker + Bosh, Iron Golem (apelidado de George W. Bosh, que nome maravilhoso), o de Mana Severance + Goblin Charbelcher, o de Goblin Recruiter + Goblin Charbelcher e o de Hermit Druid + Sutured Ghoul + Dragon Breath. Todos esses decks tiveram cartas-chave banidas e foram desmantelados. E do nada, no fogo cruzado, Oath of Druids, uma carta com certeza poderosa, mas longe de ser dominante no momento, também foi para a cadeia. A explicação levou 10 meses para ser entendida, pois com o lançamento de Campeões de Kamigawa e consequentemente do Terreno Forbidden Orchard (uma combinação ainda forte no Vintage de hoje), o deck certamente sairia de controle, mas em Dezembro de 2003, não fez sentido algum.

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Setembro de 2008

Time Vault foi desde o início uma carta problemática. A idéia era que você estocasse turnos para ter acesso a turnos extras. Só que era muito fácil simplesmente desvirar a carta e ter acesso a muitos turnos. A carta foi restrita logo na primeira leva em Janeiro de 1994 e banida logo na sequência em Março do mesmo ano. Em Abril de 1996, ela recebeu uma das mais famosas erratas na história do jogo para evitar qualquer tipo de sujeira com turnos infinitos e foi desbanida. Avancemos então 8 anos no tempo, quando a Wizards decidiu eliminar todas as erratas de power level para que as cartas fizessem aquilo que está escrito nelas. Obviamente que Time Vault seria novamente um problema, especialmente com a existência de Voltaic Key, o que a fez ser simultaneamente banida no Legacy e restrita no Vintage ao mesmo tempo que teve seu texto revertido – basicamente recebeu uma sentença de Liberdade Condicional! Embora liberada no Vintage, ela foi observada de perto e passou anos sendo candidata a ser o primeiro alvo de banimento por nível de poder no formato em que teoricamente todas as cartas são jogáveis. Veremos mais à frente que não ficou, porém, com esse título.

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Junho de 2011

O trio Jace, the Mind Sculptor, Stoneforge Mystic e Squadron Hawk gerou um dos decks mais dominantes já visto no Standard, o Caw-Blade. Chegou a um ponto que a Taxa de Vitórias do deck começou a cair porque quase todos os decks que ele enfrentava eram Mirror Matches, o que consequentemente gera uma taxa de 50% em contraste do valor acima de 60% contra os demais decks do formato. Obviamente, isso levou ao banimento do Planeswalker e da Stoneforge Mystic, o primeiro no Standard em 6 anos! Só que havia um pequeno problema… a Wizards havia acabado de lançar um deck pré-construído em New Phyrexia, War of Attrition, que continha 2 Stoneforge Mystic! O que fazer com aqueles jogadores que tinham comprado o deck para jogar? A solução foi fazer um remendo no banimento, permitindo que jogadores utilizando esse deck, contanto que sem modificações na lista original, pudesses usar suas 2 cópias da criatura banida!

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Abril de 2017

Também conhecido como o banimento onde a equipe da Wizards deve ter tomado algumas bebidas além da conta e esqueceu de banir a carta! Nos meses antes do anúncio do banimento em Abril, o combo de Felidar Guardian com Saheeli Rai já vinha dominando o Standard, trazendo lembranças do domínio de Splinter Twin no Modern no ano anterior. A comunidade então aguardava ansiosamente qual das partes do Combo iria ser banida e no dia do anúncio… nada! A convulsão foi tão grande que dois dias depois a Wizards publicou um “foi mau, tava doidão” com um adendo informando que de fato o Felidar Guardian estava banido.

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Maio de 2020

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Lurrus of the Dream-Den foi o carro-chefe para demonstrar o porquê da mecânica de Companion, ao menos na sua forma original, ser considerada uma das mais fortes entre todas no Magic. O valor gerado por uma carta que estava sempre disponível fez um verdadeiro estrago no Meta Legacy e Vintage, o que fatalmente levou ao seu banimento no primeiro formato (junto de Zirda, the Dawnwaker) e a um problema no segundo: Vintage era conhecido por ser o formato onde tudo pode jogar, então as cartas são restritas ao invés de banidas. Só que restringir Lurrus of the Dream-Den não faria muita diferença, já que apenas 1 cópia era necessária para ser seu Companion. Sem ter para onde fugir, nosso pobre Felino Orzhov se tornou o primeiro banimento por nível de poder no Vintage desde que a política para o formato foi alterada em Setembro de 2000, com o desbanimento de Channel e Mind Twist. Somente com a alteração da regra de Companion, Lurrus foi desbanido no Vintage. Ele e Zirda, porém, permanecem banidos no Legacy, uma das grandes injustiças do formato para mim. Pode ser que se provem muito fortes, mesmo com o custo adicional de 3 manas? Pode. Mas a gente nunca teve a chance de saber.

Junho de 2020

Em 25 de maio de 2020, o assassinato de George Floyd desencadeou uma onda de protestos nos Estados Unidos, capitaneados pelo movimento Black Lives Matter. O impacto social e político dos protestos, fez várias organizações e empresas tomarem ações contra situações que poderiam ser consideradas temas sensíveis.

Com a Wizards não foi diferente e no dia 10 de Junho de 2020, ela anunciou que “cartas cuja arte, texto, nome ou uma combinação desses sejam racialmente ou culturalmente ofensivas” estão banidas em eventos sancionados.

Assim, 7 cartas foram banidas em todos os formatos, incluindo alguns não sancionados, suas imagens e textos removidos do banco de dados da Wizards (Gatherer). Em respeito a essa decisão, não iremos listá-las aqui. Foi o primeiro evento de banimento de cartas não-relacionado a questões de jogo como nível de poder, logística ou aposta. Definitivamente um banimento inusitado, ainda que por motivos extremamente sérios.

Conclusão

Magic é um jogo ancião, ainda mais se comparado aos demais card games. Há, assim, muita história para ser contada. Ver a lista de cartas banidas e desbanidas fala bastante sobre como o entendimento e a relação dos designers com o jogo mudou ao longo dos anos. Nos ajuda até mesmo a ver como a sociedade mudou nesse tempo e como os eventos de fora influenciam o jogo. Encerro, por aqui, espero que tenham gostado. Há algum outro banimento que tenha chamado a atenção de vocês que não está listado aí? Um abraço banido e até a próxima.